domingo, 10 de janeiro de 2010





Ando passando por maus bocados. Mas quando foi que não passei?
A única diferença é que antes das três uma, ou eu não me incomodava com isso, ou não me afetava ou eu não tinha ciência das coisas que me atingiam. A ignorância realmente pode ser uma benção às vezes...

Fiz minha primeira tatuagem no dia 2 de outubro, o nome do Dmitri, meu filho em russo. E a segunda foi no dia 23 de dezembro, o muro do The Wall e os martelos do Pink Floyd. O mais interessante é que as paredes quebradas e irregulares tem um sentido a mais pra mim. Significam em parte minha vida, quebrantada.

Nesse meio tempo, entre a primeira e a segunda muitas coisas aconteceram. Quando digo muitas, não estou exagerando..

Depois da reviravolta, quando tomei a decisão de que não havia mais nada aqui pra mim, realmente veio o nada e o sofrimento. Ouço música, fumo. Como chocolate, quando consigo dinheiro pra comprar. Tomo remédio, agora o barato deles já passou, meu corpo já se acostumou aos efeitos. O máximo que acontece agora é eu dormir de mais, o que não deixa de ser uma pequena benção. Leio, coisa que há um mês atrás não conseguia fazer pq minha visão ficava turva o tempo todo. Ouço música, fumo, leio... ah... e hogo Guitar Hero e God of War...

Penso.. Muito. Penso até doer. Até pensar que estou enlouquecendo. (me perdoe a redundância.)

Aprendi a desmontar uma gilete, com muito custo e fiquei internada em uma clínica psquiátrica - uma casa de repouso - vulgo, manicômio, por 15 dias. Tempo padrão de convênio.

Queria que tivesse dado certo, mas as coisas nem de longe foram como eu planejei, eu ainda estou aqui e a minha 'vida' só tem piorado desde então. Não aconselho! Procure um modo mais eficaz... se vc não tiver família, se jogue de um prédio, ponte, tem aos montes por ai e realmente funciona.

Fui corajosa e fui covarde. Acho que a vida é assim.

Nem tudo é ruim, não sou tão idiota assim pra pensar que só existem coisas ruins. Uma pessoa muito importante na minha vida me pediu perdão. E eu perdooei. A questão é que se sou assim, diferente, por tudo o que essa pessoa fez pra mim. Qual é a minha justificativa agora??? Ainda não encontrei nenhuma... Talvez algumas peças, uma vez encaixadas, não se soltem para montar padrões diferentes... Talvez.

Mas isso não muda o fato de que estou me sentindo um lixo. Mesmo tirando o peso do passado, não consigo levantar a cabeça e seguir em frente. Chame-me de covarde, se quiser. Foda-se.

Conheci um novo escritor, chamado Charles Bukowski, nascido na Alemanha e criado na parte mais pobre de Los Angeles, mergulhado no mundo excessivo da bebida, do cigarro, do sexo e das apostas de cavalos. Seus livros refletem seu mundo e acredito que mergulhem mais fundo nesse mundo. Mais do que o próprio Bukowski vivenciou. Ele acabou morrendo de pneumonia, durante um tratamento para a leucemia. É...

No geral, estou adorando ou no fundo me identificando. Não, sou fresca em alguns pontos.
Simplesmente vendo uma outra vertente do que nós temos aqui, sem verniz.

Acho que isso de certa forma me conforta. Ver um estilo de vida pior que o meu. Ver alguém mais fudido que eu. Mas é um conforto passageiro, supérfluo...

Ainda não consigo parar de pensar e posso arriscar um palpite que isso é uma parte do meu sofrimento. Sofro por tudo aquilo que não entendo e por tudo aquilo que não consigo resolver.
Preciso dar um jeito de superar isso, esquecer e continuar vivendo, como todo mundo faz.

Queria ser todo mundo. Eu não sei como fazer isso, aposto que você sabe falar como mas também não saberia fazer caso precisasse.

Estou morando ainda em uma república. Patético.

Acho que no fundo é isso que sou. Patética, ridícula. Cheia de auto-piedade.
Outsider ou cheia de justificativas...
Sempre um rebate.
Eu não pertenço a isto aqui. Não sei como me portar, não sei como agir, não sei como interagir.

Como diz Bukowski,
ou o cara se conforma ou enlouquece.

Eu não me conformo. Eu não me ajusto.
Ajuste.

2 comentários:

  1. COMO DIABOS não conhecia Bukowski? o.o

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  2. Não conhecia porra... ele esta à margem da literatura...

    Pena que nem todos os livros dele foram traduzidos.

    Não me lembro as palavras exatas agora, mas ele é considerado o último escritor podre da literatura...

    E se vc conhecia, porra, pq não me mostrou???

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