terça-feira, 10 de setembro de 2013
Teoria da Janela Quebrada
TEORIA DA JANELA QUEBRADA
Essa é uma condição inerente ao ser humano, acredito eu. Eu mesma experimento isso em casa, quando está tudo limpo e a pia sem louça eu mantenho limpo, faço na hora; agora, quando a casa está bagunçada eu acabo deixando pra depois porque já está bagunçado, o que gera ainda mais bagunça!
"Há alguns anos, a Universidade de Stanford (EUA), realizou uma experiência de psicologia social. Deixou duas viaturas idênticas, da mesma marca, modelo e até cor, abandonadas na via pública. Uma no Bronx, zona pobre e conflituosa de Nova York e a outra em Palo Alto, uma zona rica e tranquila da Califórnia. Duas viaturas idênticas abandonadas, dois bairros com populações muito diferentes e uma equipe de especialistas em psicologia social estudando as condutas das pessoas em cada local.
Resultou que a viatura abandonada em Bronx começou a ser vandalizada em poucas horas. Perdeu as rodas, o motor, os espelhos, o rádio, etc. Levaram tudo o que fosse aproveitável e aquilo que não puderam levar, destruíram. Contrariamente, a viatura abandonada em Palo Alto manteve-se intacta.
Mas a experiência em questão não terminou aí. Quando a viatura abandonada em Bronx já estava desfeita e a de Palo Alto estava há uma semana impecável, os pesquisadores quebraram um vidro do automóvel de Palo Alto. O resultado foi que se desencadeou o mesmo processo que o de Bronx, e o roubo, a violência e o vandalismo reduziram o veículo ao mesmo estado que o do bairro pobre. Por quê que o vidro quebrado na viatura abandonada num bairro supostamente seguro, é capaz de disparar todo um processo delituoso? Evidentemente, não é devido à pobreza, é algo que tem que ver com a psicologia humana e com as relações sociais.
Um vidro quebrado numa viatura abandonada transmite uma idéia de deterioração, de desinteresse, de despreocupação. Faz quebrar os códigos de convivência, como de ausência de lei, de normas, de regras. Induz ao “vale-tudo”. Cada novo ataque que a viatura sofre reafirma e multiplica essa idéia, até que a escalada de atos cada vez piores, se torna incontrolável, desembocando numa violência irracional.
Baseados nessa experiência, foi desenvolvida a ‘Teoria das Janelas Quebradas’, que conclui que o delito é maior nas zonas onde o descuido, a sujeira, a desordem e o maltrato são maiores. Se se parte um vidro de uma janela de um edifício e ninguém o repara, muito rapidamente estarão partidos todos os demais. Se uma comunidade exibe sinais de deterioração e isto parece não importar a ninguém, então ali se gerará o delito.
Se se cometem ‘pequenas faltas’ (estacionar em lugar proibido, exceder o limite de velocidade ou passar com o sinal vermelho) e as mesmas não são sancionadas, então começam as faltas maiores e delitos cada vez mais graves. Se se permitem atitudes violentas como algo normal no desenvolvimento das crianças, o padrão de desenvolvimento será de maior violência quando estas pessoas forem adultas.
Se os parques e outros espaços públicos deteriorados são progressivamente abandonados pela maioria das pessoas, estes mesmos espaços são progressivamente ocupados pelos delinquentes.
A Teoria das Janelas Quebradas foi aplicada pela primeira vez em meados da década de 80 no metrô de Nova York, o qual se havia convertido no ponto mais perigoso da cidade. Começou-se por combater as pequenas transgressões: lixo jogado no chão das estações, alcoolismo entre o público, evasões ao pagamento de passagem, pequenos roubos e desordens. Os resultados foram evidentes. Começando pelo pequeno conseguiu-se fazer do metrô um lugar seguro.
Posteriormente, em 1994, Rudolph Giuliani, prefeito de Nova York, baseado na Teoria das Janelas Quebradas e na experiência do metrô, impulsionou uma política de ‘Tolerância Zero’. A estratégia consistia em criar comunidades limpas e ordenadas, não permitindo transgressões à Lei e às normas de convivência urbana. O resultado prático foi uma enorme redução de todos os índices criminais da cidade de Nova York.
A expressão ‘Tolerância Zero’ soa a uma espécie de solução autoritária e repressiva, mas o seu conceito principal é muito mais a prevenção e promoção de condições sociais de segurança. Não se trata de linchar o delinquente, pois aos dos abusos de autoridade da polícia deve-se também aplicar-se a tolerância zero.
Não é tolerância zero em relação à pessoa que comete o delito, mas tolerância zero em relação ao próprio delito.Trata-se de criar comunidades limpas, ordenadas, respeitosas da lei e dos códigos básicos da convivência social humana.
Essa é uma teoria interessante e pode ser comprovada em nossa vida diária, seja em nosso bairro ou na rua onde vivemos.
A tolerância zero colocou Nova York na lista das cidades seguras.
Esta teoria pode também explicar o que acontece aqui no Brasil com corrupção, impunidade, amoralidade, criminalidade, vandalismo, etc."
quinta-feira, 22 de agosto de 2013
45 lições de vida!
Li essa lista e amei! Acho que a mais verdadeira e linda que já li. Vale a pena até tirar as teias de aranha daqui!
ESCRITO POR REGINA BRETT, 90 ANOS DE IDADE, QUE ASSINA UMA COLUNA NO THE PLAIN DEALER, CLEVELAND, OHIO.
"Para celebrar o meu envelhecimento, certo dia eu escrevi as 45 lições que a vida me ensinou. É a coluna mais solicitada que eu já escrevi." Meu hodômetro passou dos 90 em agosto, portanto aqui vai a coluna mais uma vez:
1. A vida não é justa, mas ainda é boa.
2. Quando estiver em dúvida, dê somente o próximo passo, pequeno.
3. A vida é muito curta para desperdiçá-la odiando alguém.
4. Seu trabalho não cuidará de você quando você ficar doente. Seus
amigos e familiares cuidarão. Permaneça em contato.
5. Pague mensalmente seus cartões de crédito.
6. Você não tem que ganhar todas as vezes. Concorde em discordar.
7. Chore com alguém. Cura melhor do que chorar sozinho.
8. É bom ficar bravo com Deus; Ele pode suportar isso.
9. Economize para a aposentadoria começando com seu primeiro salário.
10. Quanto a chocolate, é inútil resistir.
11. Faça as pazes com seu passado, assim ele não atrapalha o presente.
12. É bom deixar suas crianças verem que você chora.
13. Não compare sua vida c om a dos outros. Você não tem ideia do que é a jornada deles.
14. Se um relacionamento tiver que ser um segredo, você não deveria entrar nele.
15. Tudo pode mudar num piscar de olhos. Mas não se preocupe: Deus nunca pisca.
16. Respire fundo. Isso acalma a mente.
17. Livre-se de qualquer coisa que não seja útil, bonito ou alegre.
18. Qualquer coisa que não o matar o tornará realmente mais forte.
19. Nunca é muito tarde para ter uma infância feliz. Mas a segunda vez é por sua conta e de ninguém mais.
20. Quando se trata do que você ama na vida, não aceite um não como resposta.
21. Acenda as velas, use os lençóis bonitos, use roupa chique. Não guarde isto para uma ocasião especial. Hoje é especial.
22. Prepare-se mais do que o necessário; depois, siga com o fluxo.
23. Seja excêntrico agora. Não espere pela velhice para vestir roxo.
24. O órgão sexual mais importante é o cérebro.
25. Ninguém mais é responsável pela sua felicidade, somente você.
26. Enquadre todos os assim chamados"desastres" com estas palavras:
"Em cinco anos, isto importará?".
27. Sempre escolha a vida.
28. Perdoe tudo de todo mundo.
29. O que outras pessoas pensam de você não é da sua conta.
30. O tempo cura quase tudo. Dê tempo ao tempo.
31. Não importa quão boa ou ruim é uma situação, ela mudará.
32. Não se leve muito a sério. Ninguém faz isso.
33. Acredite em milagres.
34. Deus ama você porque ele é Deus, não por causa de qualquer coisa que você fez ou não fez.
35. Não faça auditoria na vida. Destaque-se e aproveite-a ao máximo agora.
36. Envelhecer ganha da alternativa "morrer jovem".
37. Suas crianças têm apenas uma infância.
38. Tudo que verdadeiramente importa no final é que você amou.
39. Saia de casa todos os dias. Os milagres estão esperando em todos os lugares.
40. Se todos nós colocássemos nossos problemas em uma pilha e víssemos todos os outros como eles são, nós pegaríamos nossos mesmos problemas de volta.
41. A inveja é uma perda de tempo. Você já tem tudo o que precisa.
42. O melhor ainda está por vir.
43. Não importa como você se sente, levante-se, vista-se bem e apareça.
44. Produza!
45. A vida não está amarrada com um laço de fita, mas ainda é um"presente"."
sábado, 29 de junho de 2013
Bukowski feelings...
"Ah,
a terrível e paciente persistência do vício, pensou. O que mesmo havia
dito Hemingway? Não neste agosto, não neste setembro - neste ano, você
tem de fazer o que você gosta. Entretanto, o tempo gira novamente.
Sempre gira. cedo ou tarde, você torna a enfiar algo em sua grande boca
idiota. Uma bebida, uma baforada, talvez o cano de uma arma. Não neste
agosto, não neste setembro...
...infelizmente, este era outubro."
...infelizmente, este era outubro."
sábado, 10 de novembro de 2012
Geladeira
Sei que esse blog anda às moscas mas minha vida está tão incrível por um lado (já completei 4 meses de gravidez!! Está passando muito rápido e ao mesmo tempo devagar, rs) e tão complicada por outro que estou em uma situação inédita nela. Muitas bençãos com certeza mas muitas dúvidas, medos, receios, problemas pendentes, problemas por vir. Estou no meio de um paradoxo.
Portanto, por enquanto - pelo menos, meus projetos para esse blog estão numa geladeira velha, daquelas bem antigas, cheia de ferrugem, no meio do ferro-velho...
quinta-feira, 1 de novembro de 2012
Vendo imóvel em Suzano - SP!
Vende-se imóvel na Rua Benedito Salomé da Anunciação, nº 390, Miguel Badra Alto, Suzano - SP. O terreno possui 160 m² de área total e aproximadamente 60 m² de área construída. Garagem descoberta para 3 carros ou um caminhão.
Sobrado. Na parte inferior quarto, sala, cozinha, banheiro e área de serviço coberta. Quintal na parte posterior da casa. Na parte superior uma suíte com banheiro amplo e linda vista, sem acabamento.
Qualquer dúvida favor entrar em contato comigo!
quarta-feira, 18 de julho de 2012
Desonrada - Um projeto de resenha
Sexta-feira à noite, tempo frio e chuvoso e eu
entediadíssima sem nada pra fazer. Eu
até tinha um monte de coisas pra fazer, mas não estava afim de nada. Sabe, quando você fica com o tédio mode on
mesmo? Então... Abri 3 jogos e desisti,
não estava afim de ver filme, série, nem ler um livro, pensei eu. Daí comecei a fuçar em uns arquivos perdidos
no micro e achei um com livros em pdf e no Word mesmo e vi um que eu estava com
vontade de ler a tempos mas faltava coragem. Desonrada. Abri o arquivo e vi, oba, só 114
páginas. A curiosidade venceu a preguiça e comecei a ler.
Enchi a paciência do Raphael. Um fato ruim sobre mim é que
lendo um livro (de não ficção, normalmente) ou um filme, eu não calo a boca!
Huahuahuaha Começamos a conversar sobre as tradições de regiões que seguem o
islamismo. (Um parênteses longo aqui, não sou especialista no assunto e alguém
me corrija se eu estiver errada, mas pelo que eu entendi, o muçulmano é quem
segue o islamismo! É que eu mesma fui ver sobre isso porque acho confuso
pakas), daí quando engrenei no livro, fiquei nos blá blá blá surpresos, com ele jogando e eu na cabeça dele, Rapha,
olha isso, não acredito, e ele muito educado como sempre, sério amor? Nossa,
não sabia. Quando no fundo, deve ficar
louco comigo!
Enfim, detalhes à parte, cerca de 3 horas depois estou eu,
atônita, lendo a última página do livro.
Como eu sei que quase ninguém vai querer disponibilizar
tempo para ler a história, vou resumi-la abaixo, mas antes falarei um pouco
sobre como é a cultura lá.
Este livro é autobiográfico,
conta a história de Mukhtar Mai, com a colaboração de uma jornalista francesa
chamada Marie-Thérèse Cuny, já que como a maioria esmagadora das mulheres no
Paquistão, Mukhtar não sabia ler nem escrever.
No Paquistão, e não só lá, existe
o que eles chamam de castas. Que seria uma espécie de separação ou delimitação
entre classes sociais. Não é tão simples como classe A e B, aqui para nós. Acho
que seria melhor entendido como, me perdoe a péssima analogia, nós tivéssemos
uma hierarquia, com presidente e operários. Imagine que eles acreditem em
coisas diferentes e que não é democracia e não são somente essas duas divisões,
creio eu. O presidente manda e os operários obedecem. Existe a casta superior e
a inferior. Nós, “ocidentais”, já nos deparamos com isso. Basta ter como
exemplo o nacionalismo extremo do nazismo. Os arianos, seres humanos superiores
e os judeus que nem eram considerados seres humanos. É mais ou menos assim que
eles vivem. O que a casta superior decide, a casta inferior faz. Não existe
interação nem insubordinação sob risco de retaliação e morte. É uma relação
baseada na submissão, em honra, em tradições antigas, em vingança. Lá impera o
olho por olho.
E no fundo de tudo isso, estão as
mulheres. Elas não freqüentam as escolas. Não sabem ler e escrever. A partir
dos 6 anos, ajudam nas tarefas domésticas e de sustento da casa. Não são
autorizadas a falar com os adultos, não podem falar com meninos, nem brincar
com os próprios primos, por exemplo. Quando mais velhas, não podem, em hipótese
alguma, olhar para um homem ou falar com ele; ao passar por um, elas precisam
baixar os olhos. São vítimas de casamentos arranjados, muitas vezes prometidas a
famílias, mesmo antes de nascerem. Por motivos religiosos, financeiros,
políticos, enfim por interesses entre a família da noiva e do noivo. No
Paquistão, a mulher não pode escolher se casar por amor. Ou seja, ela não pode
escolher com quem casar. Sob o risco de ser julgada e condenada por adultério –
por ter sido prometida a outro, entre outras coisas -, pena de morte lá. Quando
não matam a mulher que escolhe esse caminho, matam o homem que “desonrou” a
família dela. Elas aprendem algumas coisas básicas e que regem as suas vidas.
Silêncio, submissão e respeito pelo homem. Seja pai, irmão, marido, conselheiro
espiritual da aldeia, enfim a qualquer um.
Em geral, uma mulher nessas
regiões vale menos que uma cabra. Ela é usada para apaziguar, como objeto de
troca ou ressarcimento. Ela nunca toma parte nas decisões e só é informada
quando deve fazer algo. Por exemplo, seu casamento é data tal, vá até tal lugar
e faça tal coisa. É assim que funciona.
E as mães não conversam com as filhas, só dizem como devem agir, faça
isso, não faça isso. Elas vão para o casamento sem qualquer noção de nada, de
sexo, do que devem fazer, só sabem parir porque elas também ajudam as irmãs e etc.
e que devem obedecer e servir o marido e os futuros filhos homens.
Lá, eles meio que vivem entre
três sistemas. O legal (governo – que envolve advogados, extremamente
dispendioso e que a maioria da população não tem a menor condição de bancar e
ter acesso), o religioso (que oficialmente rege tudo) e a Jirga. A Jirga é uma reunião com pessoas de ambas as castas de uma
aldeia. Ou seja, são pessoas que tentam organizar o funcionamento de uma aldeia
ou região. Eles fazem negociações (não justiça, que fique claro), entre
famílias que estão com problemas, para evitar que elas se tornem inimigas. Eles
resolvem os chamados, crimes de honra. Exemplos (Reais!!!!). Duas famílias
vizinhas começam a brigar porque o cachorro de uma delas late muito. O fulano
da família x acaba matando o ciclano da família y. Eles chamam a polícia? Não.
Alguém vai preso ou julgado? Dificilmente. A jirga entra em ação e negocia um
trato com as famílias. A família x dá 2 garotas para a família y como forma de
compensar e pedir desculpas pelo que ocorreu. Uma de 11 e outra de 6 anos. A de
11 foi dada a um homem de 46 anos e a de 6 para um menino de 8! É assim que
funciona para tudo. No geral, a punição
(ou arranjo) vem para uma mulher de três formas. Estupro coletivo, ao ser vítima disso é
socialmente esperado que a mulher ao ter perdido sua honra se suicide. Dada em
casamento. Apedrejamento. A Jirga na prática se transformou num organismo com
vida própria, interessada em negociações e agindo completamente à margem da
religião e das leis do Islamismo e do que prega o Alcorão.
Ok, então esse é o panorama geral
da cultura de uma região afastada da capital e do centro urbano no Paquistão.
Um trecho
inicial e simples que resume um pouco tudo.
Se você quiser ler o livro, pare de ler aqui, spoiler:
“Sou eu, Mukhtaran Bibi,
da aldeia de Meerwala, da casta dos camponeses Gujjar, que terei de enfrentar o
clã da casta superior dos Mastoi, agricultores poderosos e guerreiros. Terei de
pedir-lhes perdão em nome da minha família.
Perdão pelo meu
irmãozinho Shakkur. A tribo dos Mastoi o acusa de ter “falado” com Salma, uma
menina do clã deles. Ele tem apenas 12 anos, e Salma já tem mais de 20. Nós
sabemos que ele não fez nada de mal, mas se os Mastoi decidiram assim, nós os
Gujjar, temos que nos submeter. Sempre foi assim.”
No caso dela, o irmão sumiu,
descobre-se que foi preso, espancado e sodomizado e é montada uma armadilha
para ela, uma mulher de 28 anos, honrada e respeitada na aldeia, ir diante dos
acusadores para pedir perdão publicamente. No entanto, eles nunca pretenderam
perdoar a família, pois nada realmente aconteceu e diante de todo mundo, a
arrastam para um alojamento próximo e durante horas, 4 homens se revezam em
estuprá-la. Horas depois ela é jogada, com as roupas rasgadas, machucada, no
meio da rua.
Inicialmente, ela pensa em se
matar para limpar a honra da família. Mas aos poucos um sentimento de raiva e
revolta se apodera e ela consegue se agarrar a vida com um desejo de vingança e
de justiça. Quando sua família consegue,
finalmente, juntar o dinheiro exigido pelo clã superior para entregar à polícia
para soltar o irmão, ela é perguntada pelos policiais se tudo está bem. Nesse
momento, ela decide lutar. Acredito que
ela deu sorte porque a família, o núcleo dela pelo menos, apoiou-a. A polícia
monta um relatório falso eximindo todos os culpados e a faz assinar com a
digital de seu polegar. O que a prejudica muito durante o processo todo porque
é acusada de mentir.
A história conta todo o martírio
pelo qual ela passou. A dor, a humilhação, a luta, verdadeiras peregrinações
que ela fez a tribunais, delegacias, organizações, etc. A sorte que ela teve do
caso dela ter parado na mídia. As tentativas de tudo ser acobertado e diminuído
pelo próprio governo que deveria protegê-la, já que as práticas que ela sofreu
são oficialmente proibidas.
Ela foi acusada de tudo; de
interesseira, de ter uma conta bancária, de ter querido ser estuprada, de
terrorismo contra o governo, de querer fama, manchar a imagem do país e
infindáveis coisas mais. Mas sempre se manteve e se mantém firme até hoje.
Quando ela finalmente conseguiu
levá-los à justiça, uma corte internacional declarou os 6 principais suspeitos,
culpados e condenados à morte. Eles entraram com recurso e um segundo tribunal
converteu a pena de 1 para prisão perpétua e inocentou os outros acusados por
falta de evidências e inconsistências na investigação policial. Houve novo
apelo, por parte dela, e mais um julgamento, adiado até abril do ano passado,
2011. Onde se manteve a decisão de prisão perpétua para um e inocência para
todos os outros acusados.
(Devido a uma lei no Paquistão,
um estupro só é provado se for confessado pelo ou pelos acusados e/ou se for
confirmado por 4 (quatro!) testemunhas oculares, honrosas, confiáveis,
respeitáveis e seguidoras do Alcorão). Como os 4 que a estupraram jamais
confessaram e ela foi levada para longe dos olhos das pessoas da aldeia, a
Suprema Corte decidiu descartar o registro de todas as testemunhas e se
baseando nos buracos da investigação, devido aos anos decorridos (fato ocorrido
em 2002, julgado em 2011), a corrupção, a alegação de inocência dos acusados e
mais importante, da alegação, de uma banca composta por juízes, que estava
escuro, à noite, e que a mesma não poderia ter habilidades para reconhecer e
ter certeza de que aqueles 4 homens eram culpados.
Com todo esse absurdo, do início
ao fim, o governo não só não a ajudou como acobertou e acoberta todos esses e
outros crimes hediondos que ocorrem dentro do seu território com a escusa e infame
desculpa de manter uma imagem perante o mundo. É tão descabido que para mim não
faz nenhum sentido.
Agora a vida de Mukhtar continua
difícil como sempre foi. Ela manteve a escola que criou e com ajuda estrangeira
de ONGs e empresas, criou novas escolas e é detentora da única escola para
garotas em toda a região onde mora e arredores. Vive com medo, pois seus
carrascos estão livres e moram a cerca de 100 metros de sua casa e de sua
primeira escola. Acabou se tornando a segunda esposa do policial que
primeiramente tirou seu depoimento, por pressão dos familiares. E em dezembro
de 2011 deu à luz a um menino.
Eu realmente espero que essa
realidade, tanto lá como em outros países, um dia mude. Que essa esperança não
seja uma utopia e que a luta dela não tenha sido em vão. No link abaixo, conta
um pouco da história dela e no final há 3 endereços. Dois deles são e-mails
onde pessoas do mundo todo mandam seu apelo ao governo paquistanês para que
reabra o seu caso e que haja novo julgamento. Se quiser, faça sua parte! Não
custa nada, perto do que ela fez!
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